Pegadas sobre a areia .

" Conhecemos-nos num flash. Percebi que ia ser especial. Falávamos num tempo em que ninguém esperava. Aproxima nos. Agarrei-te, foste meu em tempo incerto. Sempre me apoiaste e mesmo no meio de tantas brincadeiras ouvia o eco da tua voz que me ajudou a crescer. Por mais que a minha atitude contigo não tenha sido a mais correcta, tu proporcionaste me momentos felizes.
As pegadas que deixaste em mim vão ficar para sempre.
Todas as noites me deixei dormir com a tua fotografia a meu lado. Aparente vicio, visível para mim. Via as ondas do mar nos teus olhos, a areia queimava a tua pele morena, e o teu sorriso flutuava sobre o meu. Quando as lágrimas salgadas saciavam o meu olhar o teu gesto cobria-as. Absorvias-me num avião de papel. E fizeste de tudo para que chegasse a ti. Hoje, quando olho para trás falta-me o ar. Afastei-me da tua voz. Esqueci a tua fotografia. Talvez, o tempo te levou de mim, e me levou de ti. Pensando bem já passaram 2 anos.
E hoje, quando oiço falar de ti, já não sinto a impressão na barriga nem fico arrepiada, e o tocar dos teus dedos sobre um beijo no meu rosto não acelera o meu batimento cardíaco como antigamente. Mas vai ser sempre diferente, porque existiu, porque desapareci da tua vida, mas continuei a seguir as tuas pegadas. E em tantos dias que acordo pela amanha ainda tenho vontade de o fazer . Mas espera, só as vezes. Quando quero esculpir o teu corpo na areia. Desenhar cada traço teu deixando o pincel deslizar ao som do mar.
E eu continuava a seguir os teus passos pequenos, leves e delicados. Imaginários de um corpo suspenso, que cai pesado e cansado, morrendo humedecido na areia pela a ilusão do passado! "

Palavras, de um dia, escritas ao vento . (Fotografia do Nuno Balão)